Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Informação de controlo de infeção e resistência aos antimicrobianos.


A resistência aos antimicrobianos é um problema emergente nos cuidados de saúde. Prevenir a transmissão cruzada de microrganismos com resistência aos antimicrobianos é imperativo em todos os níveis de cuidados. 

Assim, o Despacho n.º 15423/2013 consagra a criação em todos os serviços e entidades públicas prestadoras de cuidados de saúde, designadamente os agrupamentos de centros de saúde, os estabelecimentos hospitalares, independentemente da sua designação, e as unidades locais de saúde, de um grupo de coordenação local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos (GCL-PPCIRA). Também nas unidades de cuidados continuados integradas na rede de cuidados continuados integrados deve ser assegurada a nomeação, de um responsável local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistência aos Antimicrobianos.

De acordo com o Despacho n.º 2784/2013, numerosos estudos apontam para o aumento do risco clinico e erro em Medicina com a falta de circulação de informação clara e atempada entre todos os intervenientes no processo de prestação de cuidados de saúde. O Plano Nacional para a Segurança dos Doentes 2015-2020 tem como objetivo, “melhorar a prestação segura de cuidados de saúde em todos os níveis de cuidado no SNS” e para isso recorre a objetivos estratégicos, entre os quais, o aumento da segurança da comunicação.

Neste contexto a comunicação entre os diversos Grupos de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistência aos Antimicrobianos (GCL-PPCIRA) é fundamental para o controlo de risco inerente e para a segurança dos doentes independentemente do nível de prestação de cuidados.

Na circular normativa Nº 9 da DGS, de 22/07/09, referente a Doentes colonizados ou infetados com microrganismos multirresistentes consta que:

“1. A transferência de doentes colonizados ou infetados com microrganismos multirresistentes deve ser acompanhada de informação prévia com notificação do microrganismo em causa, seu antibiograma e local de isolamento, de forma a ser possível implementar, na admissão do doente, políticas de controlo de infeção que minimizem o risco de infeção cruzada.

2. No entanto, não são admitidos na rede de Unidades de Cuidados Continuados Integrados, doentes infetados com microrganismos multirresistentes em tratamento com antibióticos de uso exclusivo hospitalar, mesmo que acompanhados pelos documentos acima referidos.”

  • O Despacho n.º 2784/2013, na alíne n), relativos às notas de alta médica e de enfermagem refere que deve ser contemplada também na nota de alta a “Menção da existência ou não de infeção nosocomial e seu agente etiológico quando conhecido”.

  • A norma Nº 18 da DGS, de 09/12/2014 atualizada em 27/04/2015, na alínea h) é referido que a “Informação entre serviços, ou entre instituições no caso de saída/alta ou transferência, sempre que doentes colonizados ou infetados por MRSA ou suspeitos de colonização/infeção por MRSA são transferidos, incluindo notificação entre clínicos e ao Grupo de Coordenação Local do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e de Resistências aos Antimicrobianos; devendo, também, ser fornecida informação sobre se foi realizado ou não rastreio de colonização por MRSA e se foi ou não realizada descolonização e com que resultado”.

Ao abrigo do enquadramento referido, na nota de alta/transferência, em caso de identificação de microrganismos multirresistentes, a informação de controlo de infeção deverá estar presente de forma clara para ser percetível pelo destinatário da mensagem.

Natércia Caramujo

quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Infeção associada ao cateter vascular central em Portugal

De acordo com o publicado no relatório de atividades do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA) na Vigilância das Infeções em Unidades de Cuidados Intensivos a densidade de incidência  de bacteriemia por 1 000 dias de cateter reduziu 30,77% face a 2013:


Evolução da Densidade de Incidência de Bacteriemia e o número de episódios de Bacteriemia nas unidades de cuidados intensivos monitorizadas entre 2013 e 2017.
Consultar o documento


densidade de incidência de infeções nosocomiais da corrente sanguínea (INCS) por 1 000 dias de CVC,s no global dos serviços hospitalares que monitorizam estas infeções e não só em cuidados intensivos, reduziu-se em 8,9% entre 2013  e  2017.


Evolução da Densidade de Incidência de INCS por 1 000 dias de Cateter Vascular Central
Analisando esta evolução importa clarificar se a redução é estatisticamente significativa de 2016 para 2017 e de 2014 para 2017. Relativamente ao pico assinalado em 2015 importa detalhar os acontecimentos que possam ter estado na sua origem.
Por fim, sugere-se uma clarificação de metas a alcançar na infeção associada ao cateter vascular central e as medidas a implementar nesse sentido.

quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Relatório de atividades do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA)


Foi publicado, em 19 de Novembro 2018, o relatório anual de atividades do Programa de Prevenção e Controlo de Infeção e Resistências aos Antimicrobianos (PPCIRA).
Na apresentação do mesmo é referido que dele constam os principais resultados nas áreas de atuação do PPCIRA (Estratégia Multimodal de Promoção das Precauções Básicas em Controlo de Infeção, Vigilância Epidemiológica, Consumos de Antibióticos e Resistências aos Antibióticos), bem como são apresentadas as atividades desenvolvidas pelo Programa em 2018 e as que se prevêem desenvolver em 2019.



sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Pensos com clorhexidina na prevenção de infeções da corrente sanguínea relacionadas a cateteres venosos centrais: uma análise de custo e utilização de recursos

·        Os pensos com clorhexidina reduzem a taxa de infeções da corrente sanguínea relacionada ao cateter venoso central provável/confirmada (ICSRC)  (p = 0,011).
·         Neste estudo, a ocorrência de ICSRC não se traduziu em prolongamento do tempo total de internamento (P = 0,630) ou maior custo com o tratamento direto (P = 0,640).
·         Não foram encontradas diferenças nos custos de tratamento entre os grupos observados, o que significa que os custos de aquisição mais elevados de pensos com clorhexidina não se traduziram em custos de tratamento direto mais elevados.
·         As despesas adicionais com a aquisição de pensos com clorhexidina foram principalmente superadas pela menor necessidade de antibióticos.
·         Os carbapenemes e penicilinas foram os principais antibióticos identificados nos custos com antibióticos.


Imagem retirada da internet

segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Prevenir o surgimento e a transmissão da resistência antimicrobiana

Os microrganismos multirresistentes representam uma ameaça à escala mundial. Para o seu surgimento convergem diversos fatores como a exposição a antibióticos quer em humanos quer nos animais e a transferência de genes de resistência, entre outros fatores. 
A diminuição da resistência requer uma vigilância ativa, a adesão às medidas de isolamento, a higiene das mãos, medidas de descontaminação ambiental e administração eficaz de antibióticos nas suas diversas utilizações humanas e veterinárias. 

O esquema que Sylvain DeLisle apresenta no artigo, Enterococcus resistente à vancomicina: um mapa sobre como prevenir o surgimento e a transmissão da resistência antimicrobiana, publicado em 2003 no Chest Journal, é elucidativo destas duas vertentes - Emergência e a Transmissão.


Sylvain DeLisle, (2003). Vancomycin-Resistant Enterococci: A Road Map on How To Prevent the Emergence and Transmission of Antimicrobial Resistance. Chest Journal. Volume 123, Issue 5, Supplement, Pages 504S–518S

sexta-feira, 4 de maio de 2018

Dia Mundial da Higiene das Mãos 2018 - 5 Maio

Dia Mundial da Higiene das Mãos 2018

Todos os anos no dia 5 de maio se assinala o Dia Mundial de Higiene das Mãos, enquadrado no desafio da Organização Mundial de Saúde Clean Care is Safer Care,

A OMS relembra 10 razões pelas quais devemos fazer parte deste desafio:

1.       A higiene das mãos nos momentos certos salva vidas.
2.       A higiene das mãos nos cuidados de saúde salvou milhões de vidas nos últimos anos.
3.       A higiene das mãos é um indicador de qualidade dos sistemas de saúde seguros.
4.       Os problemas de cuidados de saúde, como as infeções associadas aos cuidados de saúde, que muitas vezes são invisíveis, mas ainda ocorrem, são desafios políticos e sociais que devemos enfrentar agora.
5.       As infeções podem ser interrompidas através de uma correta higiene das mãos, reduzindo custos para doentes e profissionais.
6.       A solução antissética de base alcoólica tem um custo inferior a 3€ por garrafa e pode prevenir muitas infeções e mortes todos os anos.
7.       “handhygiene” é um termo que é conhecido pelos mídia, o que significa que é um tema importante, seja devido às infeções associadas aos cuidados de saúde ou surtos de doenças mortais como o Ébola.
8.       Incorporar momentos específicos para a higienização das mãos no fluxo de trabalho dos profissionais de saúde torna mais fácil fazer a coisa certa a cada minuto, a cada hora, todos os dias.
9.       A prevenção de infeções está no foco dos sistemas de saúde. A higiene das mãos é fundamental em todos os procedimentos, quer seja na inserção de um dispositivo invasivo, no cuidado a uma ferida cirúrgica ou na administrando uma injeção.
10.   A epidemia social já começou a se espalhar com o SAVE LIVES: Clean Your Hands, uma campanha global de sucesso que promove a ação de higienização das mãos no ponto de cuidado ao utente.




http://www.who.int/infection-prevention/campaigns/clean-hands/5may2018/en/

Dia Mundial da Higiene das Mãos 2018

Dia Mundial da Higiene das Mãos 2018




Todos os anos no dia 5 de maio se assinala o Dia Mundial de Higiene das Mãos, enquadrado no desafio da Organização Mundial de Saúde Clean Care is Safer Care,

Em 2018 o tema é: Está nas suas mãos - previna a sépsis nos cuidados de saúde!


 A OMS pede às unidades de saúde que evitem a sépsis associada aos cuidados de saúde através da ação de higiene das mãos e da prevenção e controlo de infeções. Estima-se que a sépsis afete mais de 30 milhões de doentes todos os anos em todo o mundo. Na Assembleia Mundial da Saúde, em maio de 2017, os Estados-Membros adotaram uma resolução sobre a melhoria da prevenção, diagnóstico e tratamento da sépsis.


A sépsis é uma condição com risco de vida que surge quando a resposta do organismo à infeção causa lesões em seus próprios tecidos e órgãos. Se não for reconhecida precocemente e tratada prontamente, pode conduzir a choque séptico, falência múltipla de órgãos e morte. É uma complicação grave da infeção, particularmente em países de baixos-médios rendimentos, onde representa uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna e neonatal.

As infeções adquiridas durante a prestação de cuidados de saúde são comuns e constituem um fator de risco para o desenvolvimento de sepse, mas podem ser prevenidas. A higiene eficaz das mãos desempenha um papel fundamental. No Dia Mundial da Higiene das Mãos, o foco de todos deve ser a prevenção da sépsis nos cuidados de saúde, destacando boas práticas de prevenção e controle de infeções para reduzir a sua disseminação e salvar a vida de milhões de pessoas. Sem mudança de comportamento, a sépsis continuará a ser uma grande ameaça.

“As infeções associadas aos cuidados de saúde causam danos e sofrimento que podem ser evitados. Eles também resultam em encargos financeiros adicionais e às vezes até em morte ou incapacidades a longo prazo ”, de acordo com o Dr. Jaouad Mahjour, Diretor Regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, que pede a todos os profissionais de saúde que garantam a higiene adequada das mãos e todas as unidades de saúde e se comprometa em melhorar as práticas de higiene das mãos para ajudar a salvar mais vidas .



segunda-feira, 2 de abril de 2018

Susceptibilidade antimicrobiana de bactérias isoladas de colchões hospitalares

Identificação de bactérias resistentes em colchões de doentes sob precauções de contacto



Microrganismos podem contaminar os colchões do hospital mesmo após a limpeza do terminal. 

Neste estudo transversal as amostras foram obtidas da superfície de 51 colchões hospitalares, Um total de 26 tinha bactérias resistentes na superfície; as espécies predominantes foram Acinetobacter baumannii (69,2%), Klebsiella pneumoniae (11,5%) e Pseudomonas aeruginosa (11,5%). A mediana do tempo de internamento hospitalar foi de 41 dias; a ocupação do leito para doentes em precauções de contacto e o momento em que foi diagnosticado como portador de bactérias resistentes foi de 18 dias.

domingo, 1 de abril de 2018

Colchões hospitalares. Um potencial foco de contaminação


Os colchões hospitalares são considerados superfícies não críticas, contactando com pele íntegra e não com mucosas, mas o contato direto com o doente faz com que se contamine com microorganismos que podem ser multirresistentes que colonizam a pele, por fluídos orgânicos como fezes, urina e exsudados de feridas.
A elevada carga microbiana pode contribuir para transmissão cruzada de microorganismos numa unidade hospitalar.
Os colchões hospitalares têm capas que os revestem e que à observação directa parecerem íntegras mas podem não estar e deixar-se atravessar pelos fluidos e microrganismos.Assim o interior dos colchões pode estar contaminado com matéria orgânica ou líquidos da própria lavagem da cama o que, associado ao calor da presença do doente, vai favorecer a multiplicação de microrganismos.

Sugestões de controlo de infeção:

- inspeção minuciosa da integridade das capas em cada alta de doente
- abertura do fecho do colchão em cada alta de doente
- inspeção do interior do colchão em cada alta de doente
- substituição de capas e colchões

sábado, 31 de março de 2018

Influência da água na prevenção da infeção hospitalar. Um exemplo



Transmissão de Pseudomonas aeruginosa pela água em unidade de hematologia

Estudo britânico publicado por Mark I. Garvey, no American Jornal of Infection Control, vem alertar para a importância da Pseudomonas aeruginosa como um importante agente de infeção.
A Pseudomonas aeruginosa frequentemente coloniza
 torneiras de água e lavatórios.
Este estudo realça a transmissão desta bactéria da água para doentes numa unidade de hematologia. Esta associação foi observada por método de identificação molecular dos isolados de três doentes e das amostras de água. O estudo molecular permitiu afirmar que as bactérias eram indistinguíveis.
Os autores realçam a importância da visão geral de uma unidade como os processos de despejo das águas residuais do doente, a limpeza dos crivos das torneiras e de todos os equipamentos médicos sendo da maior importância a engenharia das unidades na prevenção das infeções hospitalares.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Monitorização eletrónica da higiene das mãos. Já lá chegámos?

As práticas de monitorização são um elemento crucial da promoção da higiene das mãos.
Esta monitorização é parte da estratégia de implementação multimodal da Organização Mundial de Saúde amplamente utilizada para melhorar a higiene das mãos.
Uma meta- a análise mostrou que o aumento da conformidade com a higiene das mãos e a redução da infecção associada aos cuidados de saúde (HAI) são significativamente maiores quando todos os elementos da estratégia multimodal são aplicados em conjunto. Essa característica única é refletida nas diretrizes recentemente publicadas da OMS sobre os componentes principais dos programas de prevenção e controlo de infecções.
A ideia de monitorização automatizado da higiene das mãos existe há vários anos. No entanto, ainda não revolucionou a higiene das mãos, mas podem trazer um valioso contributo para a monitorização.
A melhoria da higiene das mãos requer mudanças comportamentais, facilitadas por uma estratégia multimodal, da qual a monitorização é apenas um dos diferentes componentes.
A observação direta produz dados de desempenho que permitem adaptar e melhorar o plano de ação de implementação de higiene das mãos. 
Atualmente pode-se monitorizar a conformidade da higiene das mãos (número de ações de higiene das mãos realizadas quando existe uma oportunidade dividida pelo número de oportunidades de higiene das mãos), o consumo de solução antissética de base alcoólica (SABA) e a qualidade da ação de higiene das mãos observada. 
Os sistemas de monitorização automatizado podem monitorizar com precisão a frequência e o volume do uso de SABA e estimando o número esperado de ações de higiene das mãos em um cenário de 100% de conformidade com os "5 Momentos para Higiene das Mãos". Também existem outros sistemas incorporados nos dispensadores com monitorizam o movimento de entrada e saída do quarto.
Apesar desses e de outros avanços emocionantes, deve-se ter em mente que nenhum dos sistemas disponíveis hoje é capaz de fornecer dados de conformidade de higiene das mãos, simplesmente porque é quase impossível para um sistema automatizado detetar com precisão as oportunidades de higiene das mãos. Uma oportunidade ocorre quando uma ação de higiene das mãos potencialmente interrompe a transmissão cruzada de microorganismos através das mãos dos profissionais de saúde.
A transmissão cruzada é potencialmente evitada por uma mão ação de higiene quando os profissionais de saúde tocam sequencialmente no ambiente de prestação de cuidados de saúde e no doente, ou vice-versa (momentos 1, 4 e 5), quando as mãos dos profissionais tocam num sitio estéril (momento 2) ou depois das mãos dos profissionais tocarem em uma zona do corpo contaminado (momento 3). Assim, todos os "5 Momentos para Higiene das Mãos" são importantes para evitar a transmissão cruzada entre doentes/utentes, a inoculação de microorganismos em locais críticos e para proteger os profissionais de saúde.

Assim, os dispositivos de monitorização automatizado da higiene das mãos podem fornecer dados contínuos, lembretes e comentários em tempo real e análise automática de dados e, em última análise, podem economizar recursos humanos. No entanto, não é um fim em si mas um elemento de uma estratégia multimodal. Ele fornece um indicador de resultado que reflete o comportamento dos profissionais de saúde e melhora a compreensão e as práticas de higiene das mãos. 
Os sistemas electrónicos podem constituir uma ferramenta promissora para melhorar ainda mais a higiene das mãos e a segurança do doente quando integrada numa abordagem multimodal mais ampla.

domingo, 18 de fevereiro de 2018

OMS lança curso on-line sobre a prescrição de antibióticos
A Organização Mundial da Saúde lançou um novo curso on-line direcionado para a promoção da prescrição apropriada de antibióticos.
O curso, gratuito, reforça os conhecimentos dos médicos para abordar questões clínicas a partir de uma perspetiva de combate à resistência bacteriana.
A OMS afirma que, para preservar a utilidade destes medicamentos vitais e reduzir a resistência antimicrobiana, “todos os médicos devem administrar o uso de antimicrobianos prescrevendo-os adequadamente e orientando seus pacientes e colegas sobre o uso adequado deste recurso médico cada vez mais escasso”.
O programa, com uma duração de oito horas, compõe-se de 14 módulos, incluindo módulos específicos sobre tratamento de infeções respiratórias adquiridas na comunidade e alergia a antibióticos.
Uma declaração de participação será emitida para aqueles que completarem pelo menos 80% do curso.

sábado, 17 de fevereiro de 2018

Integridade da luva cirúrgica

Avaliação da integridade das luvas cirúrgicas e fatores associados a defeitos das luvas

As salas operatórias  são ambientes de elevado risco onde os profissionais de saúde estão expostos a sangue e outros fluídos orgânicos. A luva é uma barreira que pode impedir a transmissão de microrganismos dos profissionais para os doentes e dos doentes para a equipa cirúrgica.
As luvas são tão importantes como a preparação cirúrgica das mãos. Mas podem ocorrer defeitos e microperfurações nas luvas expondo os profissionais de saúde e os doentes a complicações como é o caso da infeção cirúrgica. Muitas destas perfurações não são percebidas pelos profissionais de saúde.

O objetivo deste estudo foi determinar a taxa de perfuração da luva cirúrgica e os fatores associados a defeitos da luva.
Este estudo descritivo transversal foi conduzido entre janeiro e março de 2017 num centro hospitalar universitário na Tunísia e envolveu três departamentos cirúrgicos diferentes: urologia, maxilofacial e geral e digestivo.
As luvas foram recolhidas e testadas para detetar perfurações usando o waterleak teste conforme descrito na norma europeia NF EN 455-1. Para comparações percentuais, o teste χ2 foi utilizado com um limite de significância de 5%.
As luvas foram recolhidas, imediatamente após serem descalçadas pelos 49 utilizadores que participaram no estudo.
Foram recolhidas 284 luvas de duas marcas diferentes, das quais 47 estavam microperfuradas (taxa de 16,5%) com 52 perfurações.Todas as perfurações passaram despercebidas pelos elementos da equipa cirúrgica. A maioria das luvas perfuradas (61,7%) foram recolhidas após os procedimentos de urologia (P = 0,00005), 77% das luvas perfuradas foram colhidas quando a duração do procedimento excedeu 90 minutos (P = 0,001) e 96% da marca A, que eram a luvas mais espessas (P = 0,015).
O dedo mais perfurado foi o dedo indicador, com 18 perfurações (34,6%), seguido pelo polegar com 12 perfurações (23,1%) e o dedo anelar com 8 perfurações (15,4%). Ocorreu uma perfuração no dedo mindinho (1,9%). Quanto à localização da perfuração em relação ao domínio dominante das mãos, os resultados mostraram que o dedo indicador da mão não dominante era o local de perfuração mais comum (21,1%), seguido do polegar da mão não dominante (15,4%). É nenhuma das perfurações foram observadas pelos portadores de luvas.
Durante a cirurgia, as luvas estão expostas a uma variedade de produtos químicos e fatores físicos, como torção; puxar; alongamento; e exposição a fluidos, gorduras ou substâncias químicas que influenciam a integridade de luvas e aumenta a taxa de perfuração.
Se a taxa de perfuração das luvas é alta, as alterações nas luvas podem influenciar o resultado nos doentes e nos membros da equipa cirúrgica na medida em que os expôe a riscos graves. As bactérias podem passar por microperforações e rasgões do utente para o cirurgião e vice-versa e transmitem doenças virais, incluindo Hepatite B, hepatite C e VIH.
Este é um problema importante, por vezes desvalorizado pelas equipes cirúrgicas. As conclusões reafirmam a importância das luvas-duplas e mudança em cirurgias com mais de 90 minutos de duração.