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sábado, 8 de dezembro de 2012

Enterobacteriaceas resistentes aos carbapenemes

As Enterobacteriaceas resistentes aos carbapenemes (CRE) fazem parte duma família de bactérias com elevada  resistência aos antibióticos, como é o caso da Klebsiella spp e da Escherichia coli. Já tendo sido documentadas estirpes "Pan-resistentes". 
As infecções por CRE estão principalmente associadas aos cuidados de saúde, em doentes sujeitos a dispositivo/procedimentos invasivos e antibioterapia. Estas infecções são muito difíceis de tratar e têm elavada mortalidade, em alguns estudos essa taxa é de 40 a 50%. 
Ao lado está um mapa que representa os estados dos EUA com infecções por CRE com confirmação pelo CDC.

Também na Europa este problema se começa a tornar evidente e preocupante. Em 2011 o ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças) publicou dois documentos referentes ao risco de infecções por CRE:

Importa implementar medidas efectivas de controlo de infecção no sentido de evitar a transmissão destas bactérias nas unidades de saúde. Torna-se, por isso, necessário implementar medidas de vigilância e contenção de CRE.

O CDC publicou um guia de controlo de CRE recomendando:
  1. Higiene das mãos
  2. Precauções de contacto (realizar a higiene das mãos antes de colocar equipamento de protecção individual; colocar bata e luvas antes de entrar no quarto e retira-los antes de sair tal como realizar a higiene das mãos)
  3. Educação de profissionais de saúde acerca da transmissão de microrganismos, precauções de contacto e higiene das mãos
  4. Uso racional de dispositivos invasivos
  5. Coortes de doentes com CRE e profissionais dedicados
  6. Notificação laboratorial dos isolados microbiológicos
  7. Politicas de antibióticos
  8. Pesquisa de portador de CRE (screening)
Pode ser necessário fazer também o screening dos contactos. Não excluir a possibilidade do uso do banho com clorohexidina a 2%.
    http://www.cdc.gov/hai/pdfs/cre/CRE-guidance-508.pdf
É de primordial importância conhecer as características epidemiológicas dos doentes infectados e dos colonizados no nosso país.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

RELATÓRIO DO PROGRAMA DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DAS INFEÇÕES DO LOCAL CIRÚRGICO – HELICS-cirurgia

Publicado no dia 4 de Outubro, este relatório faz uma abordagem global da base de dados PORTUGESA  do programa HELICS-cirurgia desde o seu início e a análise mais detalhada do período que decorre entre 2006-2010.  A base de dados inclui registo de doentes submetidos a intervenções cirúrgicas de acordo com o protocolo europeu do HELICS-SSI.
Desde 2000 e até o final de 2010, foram registadas 82.797 cirurgias de 61 hospitais.
Entre 2000 e 2005 foram registadas 29650 intervenções de 30 serviços de cirurgia de 17 hospitais.
Durante os cinco anos seguintes (2006-2010), foram registados para participar, 61 Hospitais. Os hospitais participantes foram variando ao longo dos anos com alguns hospitais a sair e novos hospitais a entrar no sistema. O número de hospitais com registos em cada agrupamento cirúrgico variou de 2 a 16. O número total de Procedimentos Cirúrgicos inseridos na Plataforma informática do HELICS Cirurgia durante o período foi de 53147.
A análise mais detalhada abrangeu os agrupamentos cirúrgicos do programa HELICS-SSI (colon, vesícula, prótese de anca e joelho, cesariana) e as apendicites e cura de hérnia abdominal por serem considerados relevantes no total de procedimentos na base de dados.
As incidências cumulativas e as densidades de incidência variaram por tipo de procedimento. A deteção de após a alta foi variável de acordo com os procedimentos sendo de 7,6% na cirurgia do colon e de 80,6% na cura de hérnia abdominal.
As infeções de órgão/espaço, que podem ser consideradas as mais graves, variaram entre 2,8% na herniorrafia a 19,1% na cirurgia da vesícula biliar sendo de 17,9% na cesariana.

O recurso ao laboratório de microbiologia para o diagnóstico etiológico da infeção foi significativo (cerca de 75%) nas cirurgias ortopédicas variando entre 23% e 37% nas restantes cirurgias. O agente mais frequente foi Staphylococcus aureus com uma taxa significativa de estirpes multirresistentes (MRSA). Na cirurgia abdominal, o agente mais frequentemente isolado foi E. coli.
No que se refere às práticas na utilização de antimicrobianos as mesmas variaram de acordo com o tipo de procedimento.
As demoras médias dos doentes que adquiriram infeção ainda durante o internamento foram significativamente superiores em todas as cirurgias estudadas.

Documento in: http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i017795.pdf

Relatório de Vigilância Epidemiológica da Infecção Nosocomial da Corrente Sanguínea.

 No passado dia 4 de Outubro foi publicado O Relatório da Incidência da Infecção Nosocomial da Corrente Sanguíne (INCS) referente ao ano de 2010, em PORTUGAL.

As INCS são uma das infecções hospitalares (IH) quem mais contribui para a mortalidade/morbilidade e aumento dos custos económicos das instituições de saúde.
Neste estudo participaram 19 hospitais portugueses.
No total de 118037 doentes internados registaram-se 1294 episódios de INCS  Mais de metade (51,5%) dos doentes com INCS tinham idade superior a 60 anos (16% com idade > 80 anos) e 1,7% tinha idade inferior a 1 ano.
A incidência cumulativa de INCS foi de 1,2 por cem doentes admitidos e a densidade de incidência de 1,5 por mil dias de internamento, sendo as taxas mais elevadas nos serviços de Hematologia/Oncologia, pediátrica e de adultos, e nas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).
As INCS primárias corresponderam a 63,8% dos episódios (23,6% associadas a cateter venoso central [CVC]), sendo mais frequentes nos serviços de Hematologia/Oncologia, Medicina Interna, UCI polivalentes, Cirurgia Geral e Hematologia/Oncologia pediátrica.
Os fatores de risco extrínsecos mais significativos para o aparecimento de INCS foram a presença de CVC e a nutrição parentérica.
A taxa de INCS associada a CVC foi de 2,5 por mil dias de exposição, sendo mais elevada nos serviços de Hematologia/Oncologia, pediátrica e de adultos, especialidades médicas, UCI e Cirurgia Geral.
As INCS secundárias representaram 36,2% dos episódios, sendo predominantes nos serviços de Medicina Interna, UCI polivalentes, Hematologia/Oncologia, Cirurgia Geral e especialidades cirúrgicas.
A demora média nos doentes com INCS foi de 33,8 dias, com uma demora média global nos Serviços em estudo de 8,2 dias. Dos doentes com INCS, 52,8% saíram com alta; 19,1% foram transferidos para outros serviços ou outras unidades de saúde e 28,1% faleceram.
A taxa bruta de mortalidade nos doentes com INCS foi de 28,1, sendo mais elevada nas UCI, Medicina Interna e Especialidades Médicas.
Foram isolados 1351 microrganismos, nos 1294 episódios de INCS, com a seguinte distribuição: Bactérias Gram positivo: 49,4%; Bactérias Gram negativo: 47,4%; Fungos leveduriformes: 3,1%.
A análise das resistências identifica os principais microrganismos problema como Staphylococcus aureus com 65,7% de resistência à meticilina (MRSA) e Acinetobacter baumannii com resistências superiores a 90% às cefalosporinas de 3.ª geração e carabapenemos.

Documento in: http://www.dgs.pt/upload/membro.id/ficheiros/i017794.pdf

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

PREVALÊNCIA DA ALGALIAÇÃO SEM INDICAÇÃO "Um Factor de Risco Evitável"

 Este estudo PORTUGUÊS aborda a infecção do tracto urinário e da algaliação que é reconhecida como o principal factor de risco. A frequência com que os doentes são algaliados e o tempo de algaliação determina o maior ou menor risco de infecção do tracto urinário. Se o doente estiver inapropriadamente algaliado então esse risco é evitável. O objectivo do presente estudo foi determinar a frequência da algaliação evitável num Departamento de Medicina, o que envolveu a análise de todos os doentes internados para determinar a presença de algaliação, em dois dias diferentes, e ainda a posterior consulta dos processos clínicos dos doentes algaliados para identificar os casos onde tinham surgido infecções do tracto urinário. Dos 160 doentes internados no período do estudo, 20% tinham catéter vesical. A indicação da algaliação foi na sua maioria (84,4%) médica. Nos indivíduos estudados, foi observado que 25% não tinham indicação apropriada para estarem algaliados naquele dia, verificando-se como justificações para a permanência da algália a gestão da incontinência (6,2%) e a ausência de indicação paraa sua remoção (18,8%). Verificámos que doze dos indivíduos da amostra (37,5%) desenvolveram Infecção do Tracto Urinário e que cinco desses casos não tinham indicação apropriada para estarem algaliados. Concluiu-se que cinco casos de Infecção do Tracto Urinário eram potencialmente evitáveis. Este número corresponde a 41,7% do total das Infecções do Tracto Urinário identificadas. Este é um dado relevante se considerarmos o objectivo de melhorar continuamente a prestação de cuidados, bem como todos os custos associados ao tratamento de infecções do tracto urinário.
 
http://www.actamedicaportuguesa.com/pdf/2011-24/suplemento-originais/517-522.pdf

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Incidência e fatores de risco modificáveis nas infecções do local cirúrgico no Egito: Estudo prospectivo

Estudo de vigilância prospectivo e activo de doentes submetidos a cirurgias urológicas e cardiotorácica realizado de Julho de 2009 a Dezembro de 2010. Os doentes foram avaliados diariamente para identificação da Infecção do Local Cirúrgico (ILC) e  follow-up aos 30 dias de pós-operatório. Foram realizadas culturas (para identificação bacteriana e TSA) de esfregaços feridas dos indivíduos com sinais clínicos sugestivos de infecção.
O presente estudo identificou ILC em 187 (17%) dos doentes com seguimento completo (n = 1.062), dos quais 106 (57%) ocorreram no hospital e 81 (43%) ocorreu após a alta.  
As maiores taxas de ILC foram observados na cirurgia cardiotorácica (23,3%), em comparação com as cirurgias urológicas (9%) (P <.001). Foi identificado maior risco de infecção para aqueles que passaram por cirurgia cardiotorácica, aqueles com idade> 45 anos, maior tempo de internamento prévio e após cirurgia, antibióticos ≤ 24 horas antes da cirurgia, e feridas sujas


In American Jounal of Infection Control: June 2012 (http://www.ajicjournal.org/article/S0196-6553(11)00923-0)